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segunda-feira, 12 de maio de 2014

Turismo internacional: 20 formas de reconhecer o brasileiro chato no exterior (e manter distância dele)


Atenção: Esse é um post de humor. Apesar de ser 100% baseado em fatos reais, é um comentário engraçado sobre o comportamento dos brasileiros no exterior. Aos mal-humorados de plantão, favor parar a leitura aqui e seguir direto para o próximo post do blog. 

Os brasileiros estão ganhando o mundo e é difícil viajar sem esbarrar com conterrâneos por ai. Paris, Roma e Londres já devem ter mais brasileiros do que nativos! Há muita gente legal passeando em busca de cultura, diversão. Esses encontros podem resultar em novas amizades ou em boas risadas mundo a fora. Mas há quem atrapalhe a festa: pessoas inconvenientes que deviam ficar em casa até tirar um diploma de como se comportar longe do país. E antes que alguém me acuse de falta de patriotismo, esse guia é 100% baseado em fatos reais.

Então, ai vai a lista para quem quer desfrutar dos principais destinos turísticos sem ter que conviver com esse tipo de pessoa: um manual para reconhecer os "infelizes". Ai, se der de cara com o tipo, é só escolher um outro restaurante ou uma mesa bem longe.

1 - Brasileiro fala alto de um modo geral. Mas fora de casa o brasileiro chato, fala mais alto ainda. Se anda em grupo, parece que todos têm um megafone na garganta. É só reparar no grupo mais berrão e nem precisa pedir o passaporte.

2 - Aliás, brasileiro chato nem devia precisar de passaporte quando viaja pro exterior. Existe um certo ritual de obrigatoriedade que faz com que todos saiam vestidos iguais. No início da viagem, homens usam camisa da seleção ou de qualquer time de futebol nacional. No segundo dia, camisetas da Tommy Hilfiger e abrigos de moletom da GAP. É patético.

3 - Brasileiros chatos tem um orgulho imenso em sua brasilidade e ostentam isso além da camisa de futebol. Assim, depois de trocarem pela Tommy Hilfiger ou pela "I S2 (Insira aqui qualquer capital da Europa)" ainda vão ser reconhecidos: eles usam bonés com a bandeirinha do Brasil, mochilas com patches de bandeirinha costurados. É só procurar atentamente: em algum lugar vai se encontrar a bandeirinha.

4 - Mulheres brasileiras chatas também têm uniforme. Calça ou camisa de oncinha: ou os dois. Nos pés, sapatos de salto (!??!?!) para caminhar com elegância – só que não – todas as vias barrentas das ruinas de Roma. Superapropriado. Ah, claro, elas estarão sempre com a cara meio emburrada e se queixando (aos berros) das dores nos pés como se o mundo tivesse que abrir alas para seus pezinhos massacrados pela burrice.

5 - Mas brasileiro chato adora exibir seu humor espirituoso em alto e bom som: fazer piadinha de judeus em campo de concentração, fazer bico de pato e sinalzinho de vitória na frente da torre Eifel, escalar o memorial do holocausto, achar que top e minissaia são as melhores opções para entrar no Vaticano.

6 - Brasileiro chato também aparece na foto de todo mundo. Não sabe tirar a foto em um spot disputado e dar dois passos pro lado. Não. Fica conferindo no Ipad se a foto ficou boa em vez de simplesmente dar lugar para outras pessoas. Aliás, eu sempre acho que todo o chato usa tablet como câmera e nem precisa ser brasileiro.

7 - Brasileiros chatos não só param na frente dos pontos turísticos de forma inapropriada como também atrapalham o caminho. O melhor lugar para discutir onde almoçar? No topo da escada rolante. Onde abrir o mapa para ver a direção certa? Na saída do metrô.

8 - Brasileiro quando viaja também fica chato por conta da saudade. Pode ser que coma feijão três vezes por ano em casa, mas se estiver no exterior há três dias, vai passar o tempo se queixando do quanto sente falta de um feijãozinho com arroz.

9 - Na hora de comer, brasileiro chato é vencedor: espera 20 minutos na fila do McDonald’s em Barcelona (sim, tem gente que prefere McDonald’s a provar a culinária local – nem que seja um bocadillo de Ramón!) e na hora de ser atendido começa a pensar no que vai comer. Ai olha para o cardápio na parede como se o restaurante fosse vietnamita e pede a comida pra família inteira, um sem picles, outro sem cebola...

10 - A saudade também transforma o brasileiro chato em um tipo agressivo. Se escuta alguém falando português, já dispara: Oh, que saudade de ouvir a nossa língua. E segue o diálogo entre o residente e o visitante. R: Pois é, há muitos brasileiros por aqui (não importa onde, sempre há). V: Me senti tão em casa quando ouvi você falando. R: Nossa, deve fazer muito tempo que você está longe então. V: Faz sim, já to fora do Brasil há quatro dias e ainda vou ficar mais cinco para conhecer 15 países.

11 - O mesmo brasileiro chato se acha o cara mais esperto do universo. Acha que está certo em não pagar o ticket do transporte público (por que o controle é por amostragem) e não entende o quanto os alemães são "idiotas" por comprarem o ticket se ninguém vai conferir. 

12 - Brasileiro chato espertalhão também some do mapa três quadras antes do fim do freetour só pra não dar uma gorjeta para o guia que passou três horas explicando tudo sobre a cidade.

13 - E mais esperto ainda: brasileiro chato guarda lugar na fila para dez pessoas que se materializam do nada depois de 30 minutos de espera pra comprar o ticket do museu. E claro, cada uma vai pagar separado, com cartão.

14 - Mais o mais chato de todo o brasileiro chato é o orgulho da sua própria ignorância. “Eu já viajei dez vezes pros Estados Unidos e não falo uma palavra de inglês”. “Achei toda a maquiagem que eu queria e comprei cinco bolsas Michael Kors e a vendedora nem falava português”. Dinheiro pro cursinho de inglês não sobra né.

15 - Mas tem brasileiro chato que sabe falar “the book is on the table” e faz isso logo que escuta outros brasileiros na área. Acha que ninguém mais no mundo entende inglês e que ninguém percebe as asneiras que estão sendo ditas na tentativa de esconder que a única língua que sabem falar mesmo é português.

16 - Brasileiro chato é chato até no caminho de volta pra casa. Além das duas malas que leva a bordo – feliz da vida porque a aeromoça não viu e os “idiotas” da cia aérea deixaram passar – carrega meio freeshop em sacolas. Lota o guarda-volumes acima da sua poltrona, acima da do vizinho, acima da de todo mundo. E berra com o cidadão do grupo de excursão que ficou do outro lado da aeronave para que ele venha tirar uma foto com a senhora argentina que acabou de conhecer.

17 - Claro, porque brasileiro chato não anda sozinho. Tem medo do desconhecido universo que se esconde depois do carimbo no passaporte em Guarulhos e tenha 20, 30 ou 60, se comporta como se fosse a excursão da turma pela formatura no ensino médio.

18 - Mas pior que sentar do lado de um brasileiro chato em um avião é sentar na frente dele. Empolgado, o brasileiro chato não se contenta em ver um filminho, como o resto do mundo. Quer explorar toda a tecnologia da aeronave e opta pelos joguinhos eletrônicos em telas que a sensibilidade ao toque não é exatamente uma qualidade. E sim, claro, irritado, começa a “tocar” cada vez mais forte. Um aviso: touchscreen é o nome. Não punchscreen.

19 - E como todo bom chato, de qualquer idioma, passam a noite de papo na “cozinha”, rindo alto, como se as cortinas que separam a área de serviço fossem a prova de som. Só não são mais chatos por que ainda não há sinal de celular nas nuvens.

20 - Mas no fim das contas, acho que o problema não são os brasileiros. Devem ser uma resposta orgânica ao ar estranho que transforma uma grande quantidade de viajantes em chatos de galocha, uma vez que os sintomas vão desaparecendo a medida que os grupos se dispersam depois da Alfândega em aeroportos do Brasil. Bom, a cura chega para quase todos, mas sempre escapa um. Porque brasileiro chato mesmo é aquele que te chama pra ver 938983928312 fotos fora de foco, com a cabeça cortada ou selfies no ipad enquanto ele conta (sobre as compras) da viagem.
de volta à nave mãe - desde 2008 © Ivana Ebel